quantas canções
eu deixei
de fazer
?
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
antes do degrau
às vezes
enquanto durmo
ou quando acordo cansado
sou justamente eu quem se manifesta
na fadiga de ver o sol nascer, eu não ouço aquilo
à toa. E talvez nem saiba quando atravesso as etapas
erradas. da vida. Vou despencando lance a lance da dura escada
até encerrá-la irrevogavelmente em minha queda, ou então encerrar-me eu
naquilo que não trago comigo, que abandono antes do vôo para não ferir nem quebrar
enquanto durmo
ou quando acordo cansado
sou justamente eu quem se manifesta
na fadiga de ver o sol nascer, eu não ouço aquilo
à toa. E talvez nem saiba quando atravesso as etapas
erradas. da vida. Vou despencando lance a lance da dura escada
até encerrá-la irrevogavelmente em minha queda, ou então encerrar-me eu
naquilo que não trago comigo, que abandono antes do vôo para não ferir nem quebrar
por exemplo Allan
Allan,
pequeno,
que dá vontade encerrar nos braços
e balançar
freneticamente
Aqui,
por exemplo Allan
para celebrar nosso fracasso
e desta vez me abraçar
suavemente
E Allan então
quando me arregaçar as veias sem sangrar
derramando sua aura lânguida,
fresta a fresta,
há de se perpetuar neste desesperado buraco negro que tenho no peito
pequeno,
que dá vontade encerrar nos braços
e balançar
freneticamente
Aqui,
por exemplo Allan
para celebrar nosso fracasso
e desta vez me abraçar
suavemente
E Allan então
quando me arregaçar as veias sem sangrar
derramando sua aura lânguida,
fresta a fresta,
há de se perpetuar neste desesperado buraco negro que tenho no peito
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Então agora aqui eu me sinto novamente impelido a ir embora, a abandonar este lugar definitivamente, até que outra repentina intenção de volta me acometa e me meta em mais problemas, como se já não bastassem estes... Isso de querer morrer todo dia e de tentar fazer isso neste outro plano de existência em que, honestamente, temo existir mais do que fora. Sabe, não é fácil vir aqui e publicar estes poemas que, eu confesso, às vezes escrevo porque preciso, às vezes porque o próprio ambiente virtual/cafécomsuita me impulsiona, às vezes escrevo por nada, às vezes pra saber se sou tão alucinado aqui quanto devo parecer ser quando ando na rua. Estou cansado de ganhar esmolas de mim mesmo, de escrever esta poesia de migalhas, ser um poeta em pedaços justifica toda a minha a vida, como se ela fosse inteira, mas ela não é, porque agora eu mal comecei e já quero terminar, e eu não estou cansado, e eu não estou exatamente triste e nem sozinho, eu só sinto um tédio enorme da vida e isso me mata.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Casa de Família #2
Eu continuo triste
e encerrado dentro dos limites disso
como um bicho preso
que investe contra a grade que lhe resume
quando da sua própria força faz forca
ferido
trata de tolher a cura
nesta casa não se abre as portas
nem para sair
nem para entrar
encontro-me inevitavelmente embargado
trocando os pés
atirando-me contra as paredes
ruindo frente as paredes
desta nobre masmorra que chamo de lar
e encerrado dentro dos limites disso
como um bicho preso
que investe contra a grade que lhe resume
quando da sua própria força faz forca
ferido
trata de tolher a cura
nesta casa não se abre as portas
nem para sair
nem para entrar
encontro-me inevitavelmente embargado
trocando os pés
atirando-me contra as paredes
ruindo frente as paredes
desta nobre masmorra que chamo de lar
domingo, 12 de setembro de 2010
Nós escrevemos poemas e eles lêem gramática
???
????
?????
??????
¨ ( ) ^~
à
!
; ; ;
blábláblá
: .
ç #@%$&
^
´´´´´´´´
! = = + ] ] }°
pôésià naõ ê màtèmátîcã.
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pôésià naõ ê màtèmátîcã.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
post-scriptum para a pequena tragédia
Sou a personificação da falha,
da falência
sou só a tentativa frustrada de salvar o mundo
em mim
da falência
sou só a tentativa frustrada de salvar o mundo
em mim
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Memê, seus sonhos não são assim tão pornográficos
Memê,
seus sonhos não são assim tão pornográficos
eu trouxe até a minha mãe pra ver
nem sequer bebemos cicuta, porra e ácido
meu bem, meu bem, Memê
são demasiado plácidos seus tais sonhos pornográficos
são quase que castrados seus tais sonhos pornográficos
e eu diria que ardia a falta
que poesia falta
apologia falsa
pornografia pra crianças de pau grande
e boceta arreganhada para cabeça fechada
tal qual mulata globeleza pelada, pintada
ou banheira do gugu
pra agitar televisão
as bailarinas semi-nuas do faustão
bailando rock, rock and roll
tocado como a ordem manda
nem beberam mijo
nem comeram merda
nem gozaram fogo
neném, seu sonho é pouco
não entramos nem no inferno
e me arrebatou o tédio
o meu membro sentiu tédio
o meu bucho sentiu tédio
o meu braço sentiu tédio
o meu pescoço sentiu tédio
os meus pés sentiram tédio
o meu cu morreu de tédio
dia destes o meu tédio
há de engolir você
seus sonhos não são assim tão pornográficos
eu trouxe até a minha mãe pra ver
nem sequer bebemos cicuta, porra e ácido
meu bem, meu bem, Memê
são demasiado plácidos seus tais sonhos pornográficos
são quase que castrados seus tais sonhos pornográficos
e eu diria que ardia a falta
que poesia falta
apologia falsa
pornografia pra crianças de pau grande
e boceta arreganhada para cabeça fechada
tal qual mulata globeleza pelada, pintada
ou banheira do gugu
pra agitar televisão
as bailarinas semi-nuas do faustão
bailando rock, rock and roll
tocado como a ordem manda
nem beberam mijo
nem comeram merda
nem gozaram fogo
neném, seu sonho é pouco
não entramos nem no inferno
e me arrebatou o tédio
o meu membro sentiu tédio
o meu bucho sentiu tédio
o meu braço sentiu tédio
o meu pescoço sentiu tédio
os meus pés sentiram tédio
o meu cu morreu de tédio
dia destes o meu tédio
há de engolir você
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Tratado de Amor em Anne
Agora que estamos sós
e que o tempo é uma alegoria ao redor
gosto de te olhar os olhos
mesmo que você chore
ou que eles estejam fechados
Eu gosto do que te compõe
e da distância que nos redime
e do amor que nos consola
Quero te abraçar agora - e abraço
porque é só no teu braço que encontro tempestade e calma
como o amor que repousa na palma de nossa mão
sem que, no entanto, nos pertença
nada nos pertence e por isso temos tanto
O amor é necessariamente livre
e nós dançamos nus na chuva
como se não nos sobrasse ou faltasse nada
Gosto da tua conversa
e nunca tenho pressa quando estou contigo
Você não é tudo pra mim e por isso não me sufoca
assim, ao passo que sei que sei viver sem você
não quero fazê-lo - e não faço
e que o tempo é uma alegoria ao redor
gosto de te olhar os olhos
mesmo que você chore
ou que eles estejam fechados
Eu gosto do que te compõe
e da distância que nos redime
e do amor que nos consola
Quero te abraçar agora - e abraço
porque é só no teu braço que encontro tempestade e calma
como o amor que repousa na palma de nossa mão
sem que, no entanto, nos pertença
nada nos pertence e por isso temos tanto
O amor é necessariamente livre
e nós dançamos nus na chuva
como se não nos sobrasse ou faltasse nada
Gosto da tua conversa
e nunca tenho pressa quando estou contigo
Você não é tudo pra mim e por isso não me sufoca
assim, ao passo que sei que sei viver sem você
não quero fazê-lo - e não faço
Qualquer coisa
Uma bomba açu
ameaça cair
por sobre as cabeças
dos transeuntes
Eu ouço o berro, o choro, o gemido
o correr do automóvel
e um menino ferido a cantar
qualquer coisa
qualquer coisa
para desanuviar
ameaça cair
por sobre as cabeças
dos transeuntes
Eu ouço o berro, o choro, o gemido
o correr do automóvel
e um menino ferido a cantar
qualquer coisa
qualquer coisa
para desanuviar
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Agosto e o Nada
nem acendo um cigarro
nem te pago uma bebida
nem encontro saída
nem procuro a entrada
eu não me comovo
também não me alimento
e nem pago as contas
nem saio de casa
nem escovo os dentes
eu não como a namorada
eu não como nada
nem escondo os olhos
nem enxugo as lágrimas
não firo a pele (que não sara)
nem odeio
nem amo
nem atendo o telefone
nem acordo
nem lembro do meu nome
nem lembro do meu rosto
nem lembro do gosto que tem lembrar
eu não escrevo
eu não vejo, não enxergo, não olho
Agosto é fogo
e eu nem me queimo
e eu nem me molho
nem te pago uma bebida
nem encontro saída
nem procuro a entrada
eu não me comovo
também não me alimento
e nem pago as contas
nem saio de casa
nem escovo os dentes
eu não como a namorada
eu não como nada
nem escondo os olhos
nem enxugo as lágrimas
não firo a pele (que não sara)
nem odeio
nem amo
nem atendo o telefone
nem acordo
nem lembro do meu nome
nem lembro do meu rosto
nem lembro do gosto que tem lembrar
eu não escrevo
eu não vejo, não enxergo, não olho
Agosto é fogo
e eu nem me queimo
e eu nem me molho
Canção de Rock
Um cara me disse
nós somos filhos do vazio
e eu pensei:
puta que paríu
que indecência a minha
nascer filho do vazio
na cidade da inércia
e com as pernas abertas
então eu disse,
como quem bate na cara e dá as costas:
eu não sou filho de ninguém...
nem de mamãe, nem de ninguém...
eu me pari a mim mesmo
e do vazio eu sou o cio
eu sou o cio do vazio
o cio do vazio
o cio do vazio
o cio
nós somos filhos do vazio
e eu pensei:
puta que paríu
que indecência a minha
nascer filho do vazio
na cidade da inércia
e com as pernas abertas
então eu disse,
como quem bate na cara e dá as costas:
eu não sou filho de ninguém...
nem de mamãe, nem de ninguém...
eu me pari a mim mesmo
e do vazio eu sou o cio
eu sou o cio do vazio
o cio do vazio
o cio do vazio
o cio
domingo, 29 de agosto de 2010
Como quem te vê do chão para o teto
Para Ana Cristina César,
A teus pés
vejo o bicho que tu és
e que sou
sábado, 28 de agosto de 2010
Baby, nós somos um casal triste
Que isso não desminta meu membro em riste
o sexo é uma dança tétrica
e eu desmaio lágrimas em seu peito descoberto
para embebedar o nosso leito
para enebriar o nosso amor sofrido
Baby, nós somos um casal triste
do tipo que acaricia a dor
e a alimenta; e a agiganta
dá tempero a ela
cozinha
e janta
o sexo é uma dança tétrica
e eu desmaio lágrimas em seu peito descoberto
para embebedar o nosso leito
para enebriar o nosso amor sofrido
Baby, nós somos um casal triste
do tipo que acaricia a dor
e a alimenta; e a agiganta
dá tempero a ela
cozinha
e janta
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O Caminhante
O caminhante arranha a superfície da terra
e canta
canção que eu desconheço
mas que me alcança
porque eu me reconheço em tudo quanto eu desconheço
porque eu me reconheço no que eu não posso saber
O caminhante mastiga o pão do lixo
e náusea
a náusea que não me afeta
mas me machuca
porque o que não me afeta me machuca
porque o que não me afeta me despedaça
O caminhante rasga a carne nos escombros
e chora
um choro que a mim não molha
mas encharca
porque me encharca tudo aquilo que me seca
porque desaguo para aquele que peca
O caminhante corta os pulsos da estrada
e sangra
um sangue que a mim não suja
mas me anemiza
porque me anemiza aquilo que não se alimenta
porque me anemiza o que nunca se ameniza
O caminhante deflagra o feio da vida
e morre
uma morte que não me culpa
mas me atormenta
porque me atormentam os que não me culpam
pois se não me culpam sou tão podre quanto és/sois
e canta
canção que eu desconheço
mas que me alcança
porque eu me reconheço em tudo quanto eu desconheço
porque eu me reconheço no que eu não posso saber
O caminhante mastiga o pão do lixo
e náusea
a náusea que não me afeta
mas me machuca
porque o que não me afeta me machuca
porque o que não me afeta me despedaça
O caminhante rasga a carne nos escombros
e chora
um choro que a mim não molha
mas encharca
porque me encharca tudo aquilo que me seca
porque desaguo para aquele que peca
O caminhante corta os pulsos da estrada
e sangra
um sangue que a mim não suja
mas me anemiza
porque me anemiza aquilo que não se alimenta
porque me anemiza o que nunca se ameniza
O caminhante deflagra o feio da vida
e morre
uma morte que não me culpa
mas me atormenta
porque me atormentam os que não me culpam
pois se não me culpam sou tão podre quanto és/sois
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Petit Patrice
Profundos olhos cansados
A me olhar vagamente
Nada, senão inteira
Com sua dor inventada
Estrelas acesas
Apagada
Corta cebolas na mesa
E encharca a toalha com suas lágrimas
Bilhete Íntimo (23/6/2010)
Não somos o que fomos, somos outros. Um para o outro outro. Somos sinceros ao passo que somos o que podemos ser. O fato é que o que podemos ser faz de nós dois bichos opostos. Sim, não somos iguais e isso é bonito e alivia. Alivia porque não há Narciso e Narciso é nosso erro, sempre foi, mesmo antes de haver erro. Sinto pena do que há de mim nos outros e de mim você não tem nada (exceto a mim), por isso posso te olhar sem o peso da compaixão e podemos trocar socos e abraços sem que atinjamos a nós, apenas a um ou a outro - ou a um e outro. Há uma coisa que paira acima de nossas cabeças e que nos une, como um sexo imaterial, anulando tudo o que podemos querer pretender ser nos colocando frente a frente como se fóssemos um espelho em que não se reflete o que se é mas o que se quer. Por isso, por esse querer egoísta e altruísta ao mesmo tempo, consonante e dissonante, eterno e finito, imenso e ínfimo, mudo e ululante, apaixonado e não, é que não podemos simplesmente ir embora. Só acenda as lâmpadas de manhã, não há nada o que iluminar no escuro.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Pequena Tragédia
Derruba-me a força pedra quase leve
deixo-me falir
perco as batalhas mais risíveis
e ornamento a paisagem com meus destroços
sou o mais fraco dos homens
me deixo ruir frente a singelos algozes
caçoam de mim as mais medíocres pessoas
maiores que eu são todos
pois constituo-me de pequenas tragédias:
ossos quebrados; dentes sujos
sou dilacerado por meus planos defuntos
meu bolso vazio; meu bucho vazio; meu peito
vazio
poema sem fundo
e eu choro um rio
onde piso
e não limpo sequer os meus pés
imundos
deixo-me falir
perco as batalhas mais risíveis
e ornamento a paisagem com meus destroços
sou o mais fraco dos homens
me deixo ruir frente a singelos algozes
caçoam de mim as mais medíocres pessoas
maiores que eu são todos
pois constituo-me de pequenas tragédias:
ossos quebrados; dentes sujos
sou dilacerado por meus planos defuntos
meu bolso vazio; meu bucho vazio; meu peito
vazio
poema sem fundo
e eu choro um rio
onde piso
e não limpo sequer os meus pés
imundos
domingo, 22 de agosto de 2010
Nós damos cartaz
Nossos corpos abençoados
bi - ó - tipos
forma, fluxo, tônus
pernas, poses, posers
somos demais
somos frugais
abençoados sejamos
nós e nossa receita
somos os primeiros a comer
e os últimos a cagar
somos os últimos a saber
e os primeiros a contar/apontar
bi - ó - tipos
forma, fluxo, tônus
pernas, poses, posers
somos demais
somos frugais
abençoados sejamos
nós e nossa receita
somos os primeiros a comer
e os últimos a cagar
somos os últimos a saber
e os primeiros a contar/apontar
Casa de Família
Pernas cruzadas para a sala-de-estar. Neste sofá não se sofre; sobretudo porque a mobília é bonita, a parede é pintada, a casa bem decorada... Não temos do que reclamar. Passeamos pelos cômodos para admirar paisagens nas quais não podemos interferir, porque a beleza é uma quadro de natureza morta na parede da cozinha enquanto apodrecem maçãs e melões e bananas na fruteira de metal inox. Por favor, não toquem em nada. E não se pode fumar no recinto. Prezamos pelo conforto e pelo ambiente agradável. Não se mexa, por favor, não se mexa. Admire, de longe, as fotos nas paredes; as paredes; o fato de não existirem manchas nas paredes; a metáfora das paredes; a piada das paredes; o delírio das paredes; a aspereza das paredes; a tristeza das paredes; o vazio das paredes.
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